sábado, 27 de outubro de 2012

Boletim do Coletivo dos Estudantes Processados da EFLCH/UNIFESP


Boletim do Coletivo dos Estudantes Processados da EFLCH/UNIFESP

O Jornal do movimento estudantil em luta
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*Esta carta foi lida e protocolada na reunião da Congregação, realizada no dia 04 de outubro:
 
 
Carta aberta aos estudantes, professores, funcionários e aos moradores de Guarulhos
Estamos sendo intimados um a um a prestar depoimento sobre o movimento em defesa da Unifesp de Guarulhos.
Começou uma nova fase da perseguição política contra os estudantes que foram presos.
O reitor e governo querem nos punir com a expulsão.
Estamos diante da criminalização da luta estudantil por uma causa justa.
Toda força à nossa campanha pelo fim dos processos e das perseguições!
Vocês sabem perfeitamente que lutamos por uma causa. Em nenhum momento da greve e da ocupação da Unifesp Guarulhos, estivemos movidos por interesses particulares deste ou aquele grupo, deste ou aquele setor da universidade. Pôr em pé o edifício do campus foi e é nossa causa.
Estamos certos que ninguém de sã consciência poderá dizer o contrário. Os estudantes que tiveram à frente do movimento assumiram com maior determinação a reivindicação junto ao reitor e ao governo federal. Por isso mesmo, somos mais de 100 estudantes processados pela Polícia Federal, juntando os dois processos. Uma parcela arca com dois deles, o que mostra que não era a repressão que os demoveria da causa e da justa luta.
Logo após o fim da longa greve o reitor e o governo anunciaram a verba e o projeto de construção. Somente diremos que foi uma conquista quando inaugurarmos o novo campus. Mas, sem dúvida, nosso movimento, nossa ocupação, a invasão policial e as prisões coletivas obrigaram que as autoridades dessem um passo adiante. Obrigaram que um grupos de professores encastelado na burocracia da instituição viesse à luz do dia dizer que a Unifesp no Bairro dos Pimentas é temerária, sem sentido acadêmico e afastada de seu projeto elitista. A greve, a ocupação e as manifestações exigiram um debate, que ganhou as páginas da grande imprensa. Os três setores que compõem a universidade foram obrigados a se pronunciarem. Os professores – a maior parte – se colocaram contra os estudantes.
Como se vê, não escondemos nada. Fomos transparentes em nossa reivindicação e firmes no uso do método coletivo de luta. Nosso movimento somente poderia ser assim porque lutamos por uma causa específica, que a da construção do prédio de Guarulhos e uma geral, que é a do ensino público e gratuito. Esse conteúdo e a movimentação coletiva explicam por que mais de 100 estudantes estão processados.
A criminalização que sofremos objetiva quebrar a determinação com que enfrentamos a intransigência e resistência das autoridades em reconhecer as reivindicações e em atendê-las. Trata-se de uma ação política da reitoria e do governo, com apoio de setores autoritários e reacionários da burocracia universitária.
Nós estudantes, selecionados para pagar por todo o movimento, somos vítimas da perseguição política. O processo que nos foi imposto é de ordem política. É escabrosa a imputação de “formação de quadrilha”. Deveria assombrar os professores que têm alguma ligação real com o ensino e a educação, que conservam alguma noção de verdade e que prezam pela política como força transformadora.
Nossas reuniões, assembléias, manifestações e ocupação estão consagradas pelos movimentos sociais. Taxá-las de formação de quadrilha, de ação predadora e de violência gratuita é usar a justiça como instrumento da mentira, da falsificação.
Viemos diante dos estudantes, dos professores, dos funcionários e da população defender nosso movimento e a sua causa. Fazemos uma campanha de denúncia contra esse processo judicial como criminalização política dos estudantes que ombrearam as forças contrárias às reivindicações e à nossa ação coletiva.
Estamos sendo chamados um a um para prestar depoimento, como se a responsabilidade fosse individual. Assumimos a greve e a ocupação como um método coletivo de luta. Assumimos todos os conflitos que despertam. Mas como acontecimento social e político. A pecha de crime é uma arma do poder que nos oprime, contra o qual nos chocamos. Chamamos os estudantes e a todos que aceitem que há uma criminalização do movimento social a reforçarem nossa mobilização para derrubar o ataque ao direito de manifestação, tal qual expressou nossa greve e nossa ocupação.
Pelo fim dos processos!
Abaixo a criminalização das lutas!
Derrotemos a perseguição política da burocracia universitária e do governo federal!
Levantemos no alto a bandeira: construção já o campus de Guarulhos no Bairro dos Pimentas!
*Este boletim está sendo distribuído em todas as salas e no campus como parte da Campanha pelo fim dos processo administrativos e criminais na Unifesp.

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